quarta-feira, junho 28, 2006

Ovo ou a galinha

Julgo essa história de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha, meio fraquinha como um Koan, mas vamos usá-la para despertar os pensamentos deste post. Depois conseguiremos deturpa-la e tirar uma conclusão inovadora dela.

Quem veio primeiro: a mídia ou o boca-aberta? o mercado ou o consumidor?

Bom, como só gaúcho entende o significado de boca-aberta (para paulistas e outros é quem não guarda segredos ... tsc tsc), então vamos refazer a pergunta: a mídia ou nós?

Responder essa pergunta talvez nos ajude a descobrir um dos maiores enganos que cometemos hoje em dia. Todos aceitamos e tomamos como verdade que tudo é ditado pelo mercado. Se existem camelos, é porque tem quem compre. Se existem drogas, é porque tem quem consuma. Se existe novela e propaganda, é porque tem quem consuma... Até quem escreve as novela da globo (vide páginas amarelas da Veja) se diz surpreso e revoltado com o estado atual do nosso povo. Que estamos sem moral, querendo ver trapaça e em um consumismo imbecíl.

Por que nos perguntamos quem veio primeiro, e julgamos esta uma pergunta muito esperta, e não nos questionamos: quem retroalimentou o ciclo?

Não podemos ignorar que, embora sejam duas coisas distintas, são causa e consequência de um mesmo todo. Como mudar as coisas? Bom, aí depende da dupla formada ... julgo que é mais fácil mudar em quem tiver em menor quantidade. Infelizmente, a ponta mais fraca é tomada por vícios e fraquezas. Como pode a outra parte, indiscriminadamente, tirar proveito disto para manipular e obter beneficios? Junto com o poder vem responsabilidade, e até o momento, a única responsabilidade que prevalece é a de manter as coisas como estão, rumo a um futuro incerto, mas que com certeza em algumas dezenas de anos terá que dar uma guinada drástica. Mas isto fica para os outros não é? ... para os próximos. Eles que estão agora tomando as decisões, bom, eles continuarão usufruindo.

O problema é que na forma como as coisas evoluíram, estabelecendo-se relações de poder e ambos os lados desejando/valorizando/respeitando isso, quem esta na menor quantidade, ao invés de ser a minoria, é o dominante. Coisas da vida.

Enfim, a mídia/mercado é como o ovo: esconde em seu interior sua verdadeira função, protege o que tem dentro com uma casca dura, o que sair de dentro a galinha vai cuidar; e nós/consumidor somos como a galinha: ciscamos para trás, corremos de medo da primeira coisa que aparece, não enxergamos nem voamos direito e esquecemos muito, mas muito fácil.

O mais incrível é que o TODO (formado pelo par) sempre tem nome, endereço e interesses ...

[]s
Messa

quinta-feira, junho 15, 2006

SimplesMente



Cérebro Artístico

Nesta caverna
morcegos não há
Uma caverna deixa de ser
por este detalhe faltar



Escrevinhar

Escrever só é uma arte
se pouco explicar,
na medida expressar,
e muito revelar



Post

Quando às nove chegar
existir irei
Esquecido esse momento
Terminei

Marcelo R. P. Messa
15.06.2006

sábado, junho 10, 2006

Barreiras psicológicas


Como quem me conhece sabe, não sou exatamente tímido ou inibido, mas posso afirmar que só não o sou por reconhecer a força que temos de nos auto-impor barreiras e limites, para assim transcende-los.

Nosso cérebro é um expert em economizar energia, manter a saúde física e mental e não se expor. Sério, nossas ações, reações e instintos são direcionados a nos manter vivos, em segurança e dentro de uma zona de conforto.

Só que viver e ser humano é transcender estas bases, criar novos alicerces (ou viver sem eles) e ir além ... desbravar. Sempre que vamos pensar e nos lembrar de uma conquista, sempre nos vem a cabeça algo sofrido, suado (devido a influência do cinema eu acho), mas as conquistas mais significativas, as do dia-a-dia, frequentemente nos escapam.

Como podemos ter esperança, vontade de viver e encarar nossos dias se as coisas positivas, que nos incentivam, quase perdemos a vida, o sangue ou a familia por elas? Nestas condições é natural querer e se contentar com uma conquista a cada 3 meses, ou por ano. Talvez algumas em uma vida.

Mas poxa! Como pode ser isto? Precisamos ser brilhantes e destemidos no dia-a-dia! E como conseguir com a expectativa de que o que fazemos é um sofrimento que será condecorado de vez em quando ... se for?

Esta é uma das muitas barreiras psicológicas que devemos quebrar, superar! É a única maneira de sermos feliz dia após dia! De encontrarmos o bom no ruim. De vermos o positivo por trás de um revés. Temos que derrubar estas barreiras e valorizar cada vez que conseguirmos isto como uma vitória, pois estamos superando nosso instinto e criando um novo padrão, algo melhor para o amanhã.

Inspirados pelos nobres gurus holywoodianos (e seus cupinchas tupiniquins) insistimos no que deveríamos desistir e abrimos mão do que mais deveríamos apreciar, venerar e zelar. Mas felizmente temos os amigos e familiares, assim como algumas referências desse mundo enorme para mostrar e incentivar o caminho que deve ser seguido. Lembrar as nossas conquistas, muitas delas que nem percebemos.

Quinta-feira fui lembrado de uma por um colega que há muito não falava. Ele não acreditava que eu não era capaz de lembrar do evento que mudou a vida dele! E eu era o protagonista, como pude esquecer! Foi um momento que superei as barreiras que infligiam a todos na sala (inclusive ao meu colega) e o inspirei para que nunca mais considerasse aquilo como uma barreira ... mas não fui humilde, sereno ou esperto o suficiente para tirar essa lição para mim mesmo. Engraçado que venha a aprender comigo mesmo 4 anos depois.

Sempre é tempo de colher o que plantamos, semearmos novos frutos e vivermos em paz.

Sejamos felizes com o que fazemos ou fizemos, não com o que deixamos ou poderíamos fazer.

[]s
Messa

sábado, junho 03, 2006

Quinteto Quintana

Quem somos nós

Somos um reflexo
do que pensamos ser
e com isto nos tornamos
algo que não queremos ver

O espelho da vida
não fala, nem vê
não pensa e não lê
mas vive mais que você

A música carrega
o que não sei dizer
o corpo entende
mesmo sem saber

No café majestic
compreendo o além:
viver é um estado
que depende de alguém

Vida quântica

Eu poderia ficar
uma vida a escrever
que ainda assim
não aprenderia a viver

O caminho a seguir
não é contínuo ou concreto
mas algo entre isto
sem existir ao certo

Acreditar é vencer
o intento é saber
vou além do que vejo
mas não chego a transcender

Sentir o detalhe
é esquecer da parte
compreeder no todo
o que é amar você

Pessoa certa

Eu encontrei o amor
que como uma música no ar
preenche o vazio que há
sem em nada tocar

Me tornei uma cumbuca
repleto de nada
cheio até a borda
sempre pronto a servir

Os papéis amarelos em que escrevo
são uma ponte transitória
entre o vazio que deixaste
e este momento que vivo agora

Enquanto a vida soprar
sei que vou te amar
pois do nada vim
e no nada irei chegar
algo que todos neste mundo
deveriam desejar

Majestic

Tijolo à vista
música no ar
a saudade presente
melhor lugar não há

Quando a distância
não permite tocar
venho ao majestic
para teus lábios lembrar

O frio aqui está
assim como o vinho
o sanduiche aberto não pode faltar
só falta você neste lugar

Quando a porta eu passar
para casa voltar
infelizmente
aqui teu perfume ficará
sem querer me acompanhar

Guardanapo do Observador

O guardanapo branco fraco é
mesmo assim consegue registrar
o furor que todos fingem não ver
e que não posso ignorar

O novo e o velho
conseguem conversar
como pode então
o sentimento lhes faltar

Só pode a música chegar
onde as palavras não vão
pois esta seria a única forma
do velho músico se sobrepor

O dom com certeza ele tem
mas transmitir não conseguiu
agora vive a escutar
o filho verme e vil

Quem somos nós

Hoje fui ver o "Quem somos nós" (What the bleep do we known?), e pouco tenho a falar. Quem não foi ver, vá.

Quem já viu (ou não) e quiser refletir, seguem dois links:

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2005/09/quem_somos_nos_1.html
http://www.orion.med.br/event61.htm

Todos deveriam ver esse filme. Todos deveriam mudar com esse filme.
Para mim tem sido revelador que depois de muito tempo ver e ouvir, as coisas aos poucos retornem para o principio do que formou minha colcha de retalhos.

Castaneda, Huxley, Blake, zen-budismo e religião. Os tempos de hoje finalmente estão olhando para um admirável mundo novo, embora ainda não consigam relacionar o que estes outros disseram, com o que querem agora falar.

O "Quinteto Quintana" (que virá no próximo post) foi escrito no café majestic da Casa de Cultura Mario Quintana, logo após eu ter visto o filme. Estavam tocando a dupla de chorinho Plauto Cruz e João Pernambucano, dois amigos que tocam junto ha 30 anos e que inspiraram os pensamentos que afloraram depois do filme.

O sexto poema,
para não distoar,
foi feito para aos músicos
que a minha noite foram alegrar.
Sobre eles falava
e com eles há de ficar.

Se os poemas não ficaram bons,
perdoem este jovem rapaz.
Não consigo separar as palavras que escrevo
do que sinto ao reler e interpretar.

Como gosto do que sinto,
vocês vão ter que me aguentar.
Eis aí a minha forma
de nada falar.

[]s
Messa