segunda-feira, julho 04, 2005

Depressão: acho que sei o que é

Sempre ouvi falar na tal depressão e nos tão famosos anti-depressivos, mas sempre fiquei curioso para saber o que é a dita cuja.

Após acompanhar alguns programas de televisão e ler algumas revistas estremamete "culturais" (Veja :-), fiquei convencido que a 90% da população tem e só não querem sair do armário. Afinal de contas, será que eu tenho esse troço?

Na semana passada li a coluna da Cláudia Laitano (acho que não errei o nome) e ela falava da "onda" da depressão e falou que "no tempo dela isso se curava com choro no travesseiro". Acendeu-se uma luz no fim do túnel.

Minha conclusão inicial foi: a depressão é tristeza e anti-depressivo é a versão arcaica do SOMA ( do "Admirável mundo novo", onde uma pílula maravilhosa permitia as fugas da realidade).

Após minha última noite de (pouco) sono, percebi que esta visão inicial estava um pouco distorcida. Lá estava eu deitado sem pegar no sono, sentindo e percebendo que algo no mundo não estava certo... meu mundo. O sentimento de vazio começou a tomar espaço no peito e na garganta. As lágrimas vinham aos olhos e a razão não vinha a tona. O sono se afastava para dar lugar a solidão. Era só eu que existia no universo naquele momento. Uma solidão cheia de sons alheios, ruídos que nada ajudam nem preenchem. O sentimento era de estar na beira de um abismo com os dedinhos de fora.

Levantar? Dormir? Pensar?

A melhor resposta que encontrei foi primeiro respirar. Cada golfada de ar preenchia e ao expirar devolvia o vazio ... primeira conclusão: é passageiro, existe como superar. O segundo passo foi meditar. Passou. O terceiro passo foi jogar palavras e sentimentos, entender o que se passou. Eu estava vivendo a dor de um universo que não era meu. Passado e futuro de outros. Como vou ajudar se também estarei no fundo? Quarto passo foi fixar o aprendizado e bolar textos, poemas e versos mentalmente. E então veio o quinto e último passo: deixar passar sem se apegar. É verdade que nenhum verso ou poema sobreviveu a manhã de hoje. Mas foram lindos em sua existência

Se não vale se apegar ao que é bom, quem dirá ao que faz mal!

Mas então qual a conclusão do que é a depressão ... pois bem, acredito que seja o que vivenciei prolongado no tempo. Tomando conta do dia-a-dia. É a derrota do espirito frente aos fatos. É o efeito metabólico da derrota e a ação de "se entregar para os homi". É permitir que o sentimento de incompleteza e vazio ocupe espaço (parece até um Koan Zen).


Nada como apreciar os pequenos detalhes da vida para fortalecer nosso intuito dia após dia.

[]s