quarta-feira, maio 31, 2006

Metaregularidade

É uma pena que os marketeiros tenham se apoderado e difamado algo tão bom e significativo quando o "meta".

Sou um afixionado pelo seu significado contextual, includente, aditivo, sistêmico e transcedental (no que se refere a transcender o significado original). Se eu tivesse orkut eu criaria a comunidade do META.


Pois bem, neste caso, o neologismo metaregularidade (nem o google conhece) é uma nova concepção de vida e mundo, pois se caracteriza como a competência ( e eu falando dos marketeiros ... ) que traria equilíbrio ao natural para nosso comportamento. Tudo bem, tudo bem, para ser aceita, alguns conceitos e métricas de RH e técnicas de gerencia/administração devam mudar.

Somos avaliados, estimulados e bitolados a fazermos o que somos pagos para fazer ... de forma regular! Não importa que sua profissão ou atividade seja extremamente dinâmica e criativa, se alguém contrata seus serviços/idéias, se alguém lhe paga um salário, essa pessoa não quer que produza hoje e passe dois meses sem conseguir fazer nada, para então fazer alguma coisa muito mixuruca. Eis uma sina terrível.

Nos dias de hoje cobramos e somos cobrados das mais diferentes formas para sermos regulares no que fazemos...


profissional regular
conjuge regular,
filho regular,
pai/mãe regular,
amigo regular,
...

Pessoas que lidam com criatividade devem rir do que escrevo, pois esse deve ser o dia a dia deles. Fazer da criatividade uma linha de produção é o mais terrível tipo de terrorismo. Pois é, sempre soube disso, mas só recentemente vislumbrei estas coisas como um todo.

Já perceberam a frequência com que escrevo no blog? Totalmente aleatória! Se eu dependesse disso para viver, estaria morto! (se é que alguém vai ler e ver eu morrer nesta linha...)

Quando iniciei o blog, esse foi um dos desafios. Eu sabia que escrever era um grande desafio, e como havia estabelecido a escrita como futuro para minha vida, eu tinha que praticar. Eu estaria pronto para arriscar o profissionalismo quando eu conseguisse ser "regular" (no sentido de produção .... e de escrita também :-)

Hoje será o terceiro dia em quatro que escrevo no blog! Uwou! Palmas! Vivas! .... ?

Que nada. Podem ter certeza que, se aqui a produção esta fluindo, o liquido vem de outro recipiente. Familia afetada? Trabalho então? Amigos? Um pouco de todos.

Óbvio? Não passo de um ridículo humano idiota que não usa 10% da sua cabeça animal? Ou então a explicação pode ser que sou um homem, e com isto faço uma coisa de cada vez? Só pode ...

Pois bem, sei lá se isto é um problema ... isto é um problema? Nestes dias que passaram foi ruim para o que sou pago para fazer pela empresa, mas a culpa não é da escrita, sou eu. Eu não estou produzindo o que deveria! As causas raízes podem ser identificadas, mas em resumo, simplesmente não estive apto a render para este foco nestes últimos dias. Hoje já começou a mudar.

O que fiz é um crime! Ufa, ainda bem que durou pouco ... ? Ufa mesmo? Porque ufa? A realidade agora é o vice-versa. O trabalho rende, a escrita sofre. A familia continua a sofrer. Vai chegar a vez da familia... e vice-versa... e assim vai.

Ou ainda, este é o natural. O que acontece é que somos moldados para não aceitar isto, e quando o trabalho não rende, devemos insistir nele. Horas são gastas em improdutividade ... horas para fazer o que leva minutos em outros dias. Mas continuamos ali, firmes com nosso propósito, justificando nossos salários... logo passa não é? Afinal de contas somos regulares em nosso trabalho! Nunca paramos de produzir.


As pessoas ficam deprimidas, mas não param de produzir
As pessoas adoecem, mas não param de produzir.
As pessoas falham, mas não param de produzir.
As pessoas brigam, mas não param de produzir
A pessoa fica só, mas não para de produzir

Eis a famigerada regularidade. Além dos aspectos óbvios e diretos retirados da dificulade de ser uma pessoa "regular" no que se faz, existem algumas implicações .

Não é estranho? A palavra regular, além do significado de continuidade, carrega junto algo pejorativo, algo fora dos extremos, morno, sem graça ... pois é, MAS É O QUE BUSCAMOS!?!?

Então vos digo, fazer bem o que estamos prontos e dispostos a fazer é o caminho. Não falo em ócio, falo em safras!

Falo em seguir este instinto natural e deixarmos os tormentos de lado. Não adianta querer colher melancia em abril ... o tempo dela é outro. É hora de comer laranja! Doce, muito doce!

E aí entra a "METAREGULARIDADE". É sermos continuos percorrendo os diferentes caminhos que a vida proporciona. Talvez para alguns, os caminhos sejam dois. Para outros, trinta.

E as empresas? Fiéis pagadoras de nossos serviços? Pois bem, que aproveitem a qualidade total de seu funcionário! Sua produtividade 100% no que fizer!

Quanto tempo gasto para escrever um post? 30 minutos, talvez 1 hora. O resto do tempo estive envolvido criando e escrevendo para a empresa. Programas, processos, cartas, documentos sobre inovações e propostas. Não sou pago para fazer isto ... mas faço isto muito bem também. Fui metaregular ... embora tenha sido um gerente de projetos irregular.

Estar propenso a outro tipo de atividade não significa que não irá produzir, só significa que será diferente.

Esta tudo aí, é só aproveitar!

Abraços
Messa

terça-feira, maio 30, 2006

Terça depois da segunda


Aqui me encontro
Enfermo, na capa da gaita
expressando sentimentos
faço nadegas ...

Concentre!
há muito que fazer
prazos a cumprir
conversas a registrar

Que loucura é esta
chamada saudade
que um banho de chuva
nao leva nem lava

De certo acaba aqui
para de novo começar
eis a hora da virada
pois a quarta há de chegar

domingo, maio 28, 2006

Da Memória à Ação


Maluca é a realidade de outros tempos ... juntando fragmentos de história para o livro hoje me deparei com um relato que data de 1942 ... outros tempos.

Na época, se alistar ao exército significava sair a 1h da manhã de casa, a cavalo, para chegar a cidade do quartel as 10h da manhã e cavalgar de volta ao mesmo dia.

Ao retornar na data combinada pelo quartel para verificar se teria que servir ou não (mesma história, 9h a cavalo, etc), recebe a informação que irá para a guerra, o barco parte as 16h da mesma tarde e ganha 400 réis para comer um ( só um) prato de comida no barco. Parte com a roupa do corpo!

Pois bem ... além do retrato histórico de como as coisas eram feitas em outros tempos, o que me questiono é como e quando perdemos o senso de presteza e prontidão? Quando passamos a nos afastar da ação?

Esta semana a Martha Medeiros escreveu uma coluna muito boa sobre não adiantar mais conscientizar, filosofar e divulgar. A grande maioria das pessoas já sabem o que devem fazer, como fazer e quando fazer. O que cada vez menos as pessoas sabem fazer é agir, levantar da cadeira e fazer algo.

Aproveitando o exemplo histórico antes citado, não digo que saber de manhã que se vai a guerra a tarde seja algo bom, mas bem que poderia haver uma prática em empresas, comunidades e tudo mais que hoje a tarde você não vai trabalhar sentadinho no escritório, mas vai para a sua comunidade, pois as pessoas lá esperam a tua visita e teu trabalho lá, fazendo por quem lhe cerca.

Não seria nada mal. Mas chega de falar por hoje. Vou agir! Para não perder a prática, vou dormir ....

[]s
Messa

terça-feira, maio 16, 2006

Povo politizado ...


Após tantos anos tentando ser um sujeito politizado, honrando as origens e sendo um digno representante do nosso um dia politizado Rio Grande do Sul ... cheguei a uma das piores conclusões da minha vida moderna ...

Tá tudo errado! Em algum momento da minha vida dobrei a esquina errada, assim como muitos fizeram e muitos farão.

Do que falo? Bom, de ser politizado ...

Não vou me afiliar ao PCB nem ao PCC (não vou nem comentar ... sinistro), mas tenho a dizer que para o cidadão, ser politizado só alimenta o monstrinho que é a política e os políticos que temos.

Chega de adjetivos, chega de maquiagens ... Por que tem que ser "Cidadão Politizado". Que se retire o "Politizado" e que sejamos somente cidadãos. Que não aceitemos estes ciclos de 4 anos desconexos que regem nossas vidas.

Se o estado fosse uma empresa, estaria falido ... ou melhor, está falido ... melhor não entrar no mérito ...

Só quando pararmos de aceitar a visão "política" das coisas - fato que justifica de forma absurda, fatos absurdos, desencadeados por decisões absurdas - conseguiremos enxergar a realidade que existe por trás desta máscara, desta maquiagem.

Tentemos ser apartidários, que nos retiremos dos partidos*, que acabe esta palhaçada que se tornou os diretórios acadêmicos dos estudantes. Que sejamos simples cidadões interessados com nosso bem estar (como comunidade), independente do que os maquiadores de araque vendem, falam ou insinuam.

Temos que ser nós mesmos. Nossa vida não é contada em quadrienios ... usamos relógio para horas, minutos e segundos ... calendário para dias e anos. Não deixemos nos dominar por aqueles poucos que pouco fazem. Se é para isto, que sejamos muitos que pouco fazem, o resultado com certeza seria muito melhor.

Qual o plano? Pois é ... aguardo ansiosamente a resposta de um email enviado para o povo do IBAM ( http://www.ibam.org.br ).

Hora de botar as manguinhas para fora ... o último a entrar é mulher do político!

To dentro!

[]s
Messa

* Nunca fui afiliado a nenhum partido ... e agora mesmo que não vou ser

sábado, maio 06, 2006

A terapia da escrita


Algumas vezes já escrevi aqui sobre o ato de escrever, sobre os efeitos da escrita e de sua importância para o aprendizado e transformação de quem escreve.

Pois bem, com enredo do livro definido (sim, já esta tudo rascunhado), estou deleitando a aventura de transfomar frases do rascunho em parágrafos, parágrafos em capítulos.

Fantástica é a arte de transmitir emoção; jogar com a interpretação. Impor ritmo e despertar a curiosidade com o subjetivo. Como é bom escrever!

Prefácio, prologo e primeiro capítulo. Personagens sendo apresentados aos leitores. Uma sondagem mútua, fazendo a mágica de tornar possível a um conjunto de palavras formar uma pessoa, e esta pessoa estática e escrita, entrar na dinâmica da interpretação única do leitor.

Cada vez mais me conformo: escrever é uma paixão libidinosa, onde as palavras descaradamente flertam com o primeiro que passar por elas. Neste mundo, a fidelidade é crime. Todos merecem desfrutar e usurpar para si o contexto e sua semântica. Cada palavra que escrevo é uma contribuição deste cafetão, que sem escrupulos arquiteta novas formas de aliciar frases e clientes a este delicioso submundo que ainda é de poucos.

Penso, logo escrevo!

[]s
Messa

segunda-feira, maio 01, 2006

Condição brasileira


Triste! Muito triste ter que admitir que nosso cantinho de mundo não é normal. Na verdade, esta muito longe se ser.

Sem perceber estamos incorporando hábitos e verdades que nos lesam dia após dia. Estamos cavando nossa própria tumba e nos escondemos na verdade que um dia todos irão morrer.

Passar alguns dias em um país estrangeiro maravilha alguns. Muitos só pensam em voltar para o paraíso preparado e pronto para morar. É o que buscam todos os milhões de imigrantes, legais ou ilegais (que hoje casualmente estão fazendo greve para tentar mostrar seu valor e importância).

Pois bem, em minha estada em terras de primeiro mundo invariavelmente a diferença veio a tona, mas longe de pensar em morar lá, a primeira coisa que me vem a cabeça é: QUE PORCARIA ESTAMOS FAZENDO COM O LUGAR ONDE MORAMOS!!!

Seria muito cômodo pensar em resolver o meu problema e dar um jeito de me deslocar para um lugar onde é possível atravessar um parque a noite, onde a saúde pública atende a população, onde o trânsito não é caótico, onde os eventos são bem organizados e impecáveis, onde as ruas são limpas, ONDE A VIOLÊNCIA NÃO VITIMA OS CIDADÕES A SUAS CASAS.

Não sair a noite, não andar com roupas caras, não usar jóias, não sair com nenhum bem, sair com dinheiro necessário para satisfazer um potencial assaltante, aceitar a morte de conhecidos em ações de bandidos. Achar normal os bandidos serem presos e soltos no mesmo dia e o cidadão de bem em uma situação parecida ser humilhado e passar o resto dos dias na cadeia. Saber que a coisa esta ruim e ficará muito pior, saber que quem esta preso somos nós em nossas casas e que os bandidos estão a solta na rua. Não passar em determinadas ruas, afinal de contas lá estão os bandidos (se nós sabemos, como a polícia não sabe?). Confiar na polícia até por ali, pois se o cara começar a enrolar muito você já sabe, não quer fazer justiça, o que ele quer é dinheiro. Ninguém é de ninguém e o mundo é de Marlboro.

Uma pessoa é morta em um assalto ... "viu só! morreu porque não entregou a mochila! nunca faça isso, viu! entregue a mochila!" ... de vitimas a culpados, tudo a velocidade da luz da mudança de posicionamento/visão dos fatos.

Vivemos com isto todo dia e nos acostumamos. Esta é nossa realidade e é o que conhecemos. A paz e tranquilidade faz parte do passado, em suspiros saudosos. O futuro é uma sombra negra a espreita das próximas vítimas.

Pois bem, fui, vi e voltei de um lugar onde isto não acontece hoje! Por que tem que acontecer aqui? Ninguém vive de passado!!!! O que vamos fazer para nosso futuro!?!!!?!??!?!

Nossa política é uma porcaria, os caras são uns bananas interesseiros, as instituições são corruptas?!

Tenho certeza que nossa política esta com suas bases afetadas, mas no mais, não acredito que se possa generalizar! Existem sim pessoas (a menor parte) que o são, o resto tudo é um reflexo de nossa complacência e incompetência em mudar! Por não termos exemplos próximos a nosso dia-a-dia de moral e ética, vivemos sem rumo.

Tenho fé que somos plenamente capazes de virar este jogo! Basta parar de querer tirar vantagem, parar de olhar para a vida do outro (se ele sonega, problema dele! se ele rouba, problema dele! se ele ganha dinheiro sujo, problema dele! se ele tira vantagem em tudo, problema dele!!!), parar de aceitar que os outros sejam sem vergonhas! parar de aceitar que leis existem para não serem seguidas! MUDEM-SE AS LEIS SE NÃO FOR PARA SEGUI-LAS!!!

TEMOS QUE PARAR DE SONHAR EM MORAR NO EXTERIOR PORQUE LÁ É MARAVILHOSO E DAR UM JEITO DE JUNTOS FAZERMOS DA NOSSA VIZINHANÇA O MELHOR LUGAR POSSÍVEL! PASSO APÓS PASSO! COMECEMOS MUDANDO NOSSAS CABEÇAS!

Vamos parar de sonhar com o lugar dos outros e ajeitar o nosso. Se todas pessoas boas que tiverem condição de fazer alguma coisa fugirem, o que será dos que ficam?

[]s
Messa