quarta-feira, novembro 23, 2005

Tao da Carreira - Palestra do Fritjof Capra


Segunda-feira (21-11-2005) fui a uma palestra do Fritjof Capra entitulada "Tao da Carreira", foi organizada por uma agência de carreiras (DCO) aqui de Porto Alegre.

Não pude evitar de comparecer, sempre admirei o trabalho do Capra e pouco sabia da pessoa Capra. Felizmente este foi o foco da palestra e depois do bate-papo.

Capra explicou suas origens e desafios enfrentados ao longo de sua vida, que irremediavelmente o levaram ao seu caminho defensor do meio-ambiente e sustentabilidade, e de multiplicador desta idéia, seu "eco-literacy".

As coisas que me chamaram a atenção em suas falas foram:
1) Comentou que é incomum ser chamado para falar sobre ele. Está acostumado a falar sobre idéias ou problemas, mas não sobre ele, Fritjof Capra;
2) Afirmou que sua integridade pessoal (caráter? eu estava sem tradução simultânea) advem da diversidade de suas atuações: cientista e ecologista - entendo que ele quis dizer que ser consciente ecologicamente em paralelo com suas atividades leva a integridade;
3) Elogiou muito o fórum social mundial, considera este um grande ganho e uma grande referência para Porto Alegre;
4) Falou muito bem do governo e de Lula, colocando que o Brasil é o único país onde o governo apoia abertamente e coopera com ONGs e sociedade civil ( a Tânia Carreiro não se aguentou, perguntou a platéia o que achava de falar para ele que não estava essa maravilha, e falou. Ele respondeu: sei que vcs tem problemas de corrupção sendo tratados. Pior é nos EUA onde a corrupção é total e institucionalizada, sob o nome de contribuições para campanha);
5) Referenciou a década de 60 como o principio da globalização, pelo movimento da "counter culture" (cultura alternativa, no meu entendimento) , o surgimento do realismo fantástico no mundo afora (na america do sul com Borges e Garcia Marques, assim como Caetano e cia com a Tropicalia) e que esta é a base valores e iniciativas que perduram e que devem retomar força para combater o capitalismo selvagem nos dias de hoje. Isto foi particularmente surpreendente para mim (inocente), que sempre mantive na cabeça o comentário do pai/amigo de um grande amigo: "O que posso dizer da minha geração? Tudo que lutamos não serviu para nada. Os ideais foram jogados fora e tudo se perdeu. A "revolução" de nossa geração regrediu e voltou ao que era antes." (a idéia é esta, não tenho as palavras exatas dele).
6) Descobriu (após escrever o último livro, e por isto não esta ali) a resposta/caminho para seguir adiante: comunidades locais (auto-sustentáveis, etc etc) e que é preciso superar os medos e confiar no processo de INSTABILIDADE. É da instabilidade que advem o estimulo a criatividade e mudança. Citou o exemplo da profissão "artista", que por basear-se na criatividade, vivem/geram instabilidade;
7) Comentou que na década de 80, quando voltou-se ao ecologismo (mais ou menos, pelo que entendi, época que lançou o ponto de mutação) , sofreu uma grande transformação, tornando-se especialista em identificar pessoas que compartilham seus ideais, para estabelecer uma discução/diálogo sustentável;

Este último ítem foi um dos que mais me chamou a atenção. Enviei uma pergunta a mesa, mas infelizmente a pilha de perguntas eram tantas que não fui um felizardo. Nunca havia visto ele falar em "diálogo sustentável" entre uma comunidade (encontrar pessoas que comparilham idéias é criar uma comunidade). Este é um conceito, que se não existe estamos criando, que pode falar muito em si só. Quem trabalha com educação, talvez encontre nestas simples palavras, um arcabouço de ações e mediações necessárias para promover o desenvolvimento cognitivo e pessoal de comunidades (virtuais, de aprendizagem, etc). Eis aí algo que estarei aprofundando a pesquisa ou o desenvolvimento.

Notem que: posso ter cometido erro de interpretação das falas do Capra. Não levem tudo ao pé da letra.

[]s
Messa