sábado, março 05, 2005

Apagão do séc XXI:


Dia desses lembrei do filme "Uma mente brilhante" quando eu estava caminhando observando aquele piso de pedras que tem nas ruas aqui do centro de Porto Alegre (pedras disformes brancas e pretas , finamente desenhadas e distribuidas pela criatividade/necessidade do pedreiro) e me peguei tentando encontrar uma forma conhecida ou tentando reconhecer algo naquele mar de pedras.

É incrível como damos um jeito de gastar energia em coisas totalmente desnecessárias ... como é difícil enxergar e acreditar no simples ... isto é algo que já vem incutido nesse monstrinho de cultura que estamos ajudando a perseverar.

Mas analisar pedras não é a forma mais comum de disperdiçar energia, normalmente gastamos energia com a cabeça, arquitetando todos os mirabolantes planos para a vida: crescer profissionalmente, ter dinheiro, ser feliz, estudar, não parar de estudar, ter uma casa, ter um carro, trocar de casa, trocar de carro, comprar coisas, ser alguém, etc

Tenho uma forte suspeita que adorarmos estar sem energia provém de uma estratégia maquiavélica de anos para estimular o consumismo: Quando as pessoas estão com pouca energia, cansadas, exasperadas, sem saber o que pensar nem o que fazer, nem para onde ir, nem o que desejar ... vem a contrapartida da sociedade: venha gastar um pouco de dinheiro, ir ao cinema, comprar roupas, presentes, livros, etc. Ou ainda, estão sujeitas as tentações de "uma vida melhor".

Por que falamos que a vida no interior é uma maravilha? Eu julgo que falamos isto porque no interior as pessoas tem energia e com isto conseguem viver e conviver fora do mundo consumista e de conquistas em que estamos inseridos.

Então por que os descontentes, cansados, estressados, acabados, ansiosos, nervosos, agressivos não vamos para o interior? Porque apesar de ser algo ilógico, a fala de energia vicia. Ou ainda, sobrar energia é algo aterrador!! O QUE VOU FAZER COM MINHA ENERGIA" é como ter dinheiro ... poucos conseguem poupar quando estão em uma sociedade onde gastar é valorizado. Como poupar energia em um lugar onde acabar com ela é o objetivo valorizado?

Pobre das famílias e famíliares, da saúde, da moral e dos bom costumes, da segurança, etc. Sem energia não se vai a lugar nenhum, nada evolui e nada é mantido adequadamente ... a não ser as coisas que recebem a energia, que apesar de não serem o foco, vão muito bem obrigado.

Como podemos estancar esse grande vazamento de energia da nossa sociedade?
Eu consegui pensar em algumas alternativas nesses minutos:
1) acabar com as imunidades;
2) acabar com a impunidade (caiu na rede é peixe);
3) valorizar a pessoa certa no lugar certo (ex.: pessoas com nível fundamental, médio e técnico tem o seu valor)

Enfim: equilíbrio. As disparidades existentes são insustentáveis.

Creio eu que com isto muita coisa seria resolvida e as pessoas quebrariam o "encanto" que deturpa nossa mente e não deixa enxergarmos as coisas de "valor" (não em termos financeiros, o oposto por sinal) como realmente são: simples e belas.

Dado inicio a campanha "Apagão do séc XXI: vamos poupar energia ... nossa energia"


5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Messa! Messa! Para de beber estes chás do capeta! Vou cuidar mais as pedras :))))

5 de março de 2005 às 15:18  
Blogger Gustavo said...

Tirei o chapeu agora. Nao sei se funciona mas que é um ponto de vista bem interessante e crítico, isso é com certeza!

Parabéns pela inspiracao :-)

8 de março de 2005 às 14:30  
Blogger Gustavo said...

Mas que bah heim! Esse blog está entregue às moscas pelo jeito. Que vergonha Messa, e eu que te considerava tanto! Tsk tsk tsk!

Te coca guri!

31 de março de 2005 às 04:38  
Blogger Iris said...

Oi, Messa

Amei teu blog e vou de Bloglines para não perder nada!
Abra@os, Iris

31 de março de 2005 às 20:51  
Blogger Beatriz said...

Oi Messinha, estou adorando ler teu blog. Ele é tua cara!!
Essa vontade de baixar a bola e apreciar as coisas simples e belas da vida é mesmo bastante bombardeada. É tb muito difícil tu te ligares nela porque parece ser um pecado mortal que tu cometes, deixando de ser estressado, super ocupado e sem tempo para nada.
Mas amigo, tens companheiros. Li na revista època uma resenha sobre o livro Bom Dia Preguiça, lançado pela psicanalista francesa Corinne Maier.
Um abraço
Bea

1 de abril de 2005 às 13:03  

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